Deus, somente Deus, é
supremo. O Deus sobre o qual você encosta a face se estende a fins invisíveis e
insondáveis. John Piper colocou desta maneira: “Quanto mais para cima você for
nos pensamentos revelados de Deus, mais claro você enxergará o alvo de Deus ao
criar o mundo, como sendo demonstrar o valor de sua própria glória”. Piper
acrescenta ainda: “Este alvo nada mais é que a infinda e sempre crescente
alegria do seu povo nessa glória”.10 Vemos isso também na Confissão de fé de
Westminster: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para
sempre”.
ENTRE E VEJA...
Chamamos tal gozo de
“adoração”. Quando tal adoração for a atribuição de máximo valor a alguma
pessoa ou coisa que não seja o único Deus trino do Universo, é idolatria. A
raiz da adoração cristã, portanto, é reconhecer, submeter-se e ter
prazer na supremacia da glória de Deus. Em todas as coisas.
Isso quer dizer, por
exemplo, que Deus nos dá o dom do sexo, e é uma boa dádiva, mas não o dá para
que nossa alegria se complete no próprio ato do sexo. Ele o deu para que
sejamos sobrepujados pela bondade de Deus em nos dar tão excelente dádiva. A
sexualidade não é um fim em si mesmo, nem um meio para a nossa glória. Foi-nos
dada para que pudéssemos adorar a Deus. Semelhantemente, Deus nos deu os
alimentos e o vinho não para que pudéssemos nos embriagar e enfastiar, nem para
que não tivéssemosprazer neles, mas para que pudéssemos saborear um
bocado de boa comida ou sorver um excelente vinho e, por meio deles, ter prazer
em Deus. 1Timóteo 4.4 nos diz: “Pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com
ações de graças, nada é recusável”. A adoração, quando vista dessa forma, é
maior e mais abrangente do que apenas cantar alguns hinos no culto da igreja
umas duas vezes por semana. É o modo de vida daqueles que estão apaixonados e
encantados pela glória de Deus. Adoramos a Deus quando, ao compartilhar das
suas boas dádivas, algo acontece nos recônditos mais profundos da alma,
proibindo que a glória termine no dom em si ou em nosso prazer dele, mas corra
mais fundo, estendendo àquele que tudo nos deu.
Sem um entendimento
de Deus e sem adorá-lo dessa forma, tudo se torna superficial. Tudo – desde o
jantar até o sexo, do casamento até aos filhos, do trabalho até às artes e a
literatura – tudo fica superficial e trivial. Mas quando se compreende a força
motriz por trás de todas as coisas, de repente há uma quantia eterna de alegria
à nossa disposição, porque tudo que fazemos é iluminado e animado pela infinda
glória do Deus eterno.
Você não precisa ser um profissional
religioso para ver evidência dessa verdade. Se eu não fosse pastor que recebe
pagamento para dizer essas coisas, mas apenas um estudante da humanidade, não
poderia argumentar contra o fato de que todos nós fomos instalados, feitos,
para a adoração. Não creio que seria difícil discutir que nossa adoração acaba
sendo vaga e superficial.
Está sendo travada
uma guerra, e boa parte do mundo se encontra em uma incrível confusão de
pobreza, fome, inquietação cívica e violência. No entanto, se ligar a TV no
noticiário, é mais provável que você escute falar das atividades diárias de
estrelas populares e atores, ou quanto dinheiro ganha um atleta e quem ele
namora no momento, do que qualquer coisa significativa. Com certeza, qualquer
pessoa vê que nosso “interruptor de adoração” está sempre ligado, sintonizado a
difusoras ridiculamente finitas. Homens adultos pintam o corpo e surfam número
incalculável de sites da rede para seguir um time esportivo – emoção
significativa derramada sobre as habilidades físicas infantis de um
jogo. Vá a qualquer concerto e verá pessoas erguer espontaneamente as mãos,
batendo palmas, fechando os olhos, sendo tocados espiritualmente pela música.
As pessoas pescam ou fazem caminhadas para estar sintonizadas à natureza.
Colocamos pôsteres em nossas paredes, adesivos em nossos carros, tatuagens
sobre nossa pele, e drogas em nosso sistema. Fazemos todas essas coisas e
outras semelhantes, derramando-nos automaticamente e com grande naturalidade,
naquilo que está decadente. Queremos adorar alguma coisa. A adoração é uma
reação nata. Fomos feitos pelo próprio Deus para sermos adoradores.
Trecho do livro “O
Evangelho Explícito”, de Matt Chandler e Jared Wilson (Editora Fiel)
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