6. subiu ao céu e está assentado
a direita de Deus Pai Todo-poderoso; dali virá para julgar os vivos e os
mortos.
JESUS O
JUIZ DE TODOS
Paul Washer
Ora, não levou Deus em conta os tempos da
ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se
arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com
justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos. (Atos 17.30-31)
E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas.
Ali haverá choro e ranger de dentes. Quando vier o Filho do Homem na sua
majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua
glória; (Mateus 25.31-32)
Uma das maiores implicações do
senhorio de Jesus Cristo é que ele julgará o mundo. No meio de um sério
confronto com os líderes judeus que buscavam matá-lo, Jesus declarou que o Pai
lhe deu autoridade absoluta para executar todo julgamento sobre a terra.[1] A
pregação e o escrito dos apóstolos repete essa reivindicação radical várias
vezes. No primeiro sermão de Pedro aos gentios em Cesareia, ele declarou: “A
este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a
todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus,
isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os
mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído
por Deus Juiz de vivos e de mortos.”[2]
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O sermão de Pedro revela três
grandes verdades, as quais formarão o esboço da nossa discussão sobre a
exaltação de Cristo ao ofício de juiz. A primeira verdade que todos os homens
devem concordar é que haverá uma consumação do mundo e um dia do juízo final. A
segunda verdade é que, naquele dia, Jesus Cristo presidirá como Senhor e Juiz
de todos. A terceira e última verdade que exige a nossa atenção é que Deus
comissionou a igreja não somente para proclamar os benefícios do evangelho, mas
também para alertar os homens sobre o grande e irrevogável julgamento que virá
sobre o mundo!
A certeza e equidade do
julgamento
A predominante visão materialista
do universo é obrigada a interpretar a existência do homem como nada mais do
que uma casualidade, sua história, como nada mais do que uma série de eventos
randômicos e seu futuro, como uma absoluta incerteza, sem uma consumação com
propósito. Em contraste, as Escrituras veem a existência do homem como uma obra
proposital e criativa de um Deus soberano e moral que se revelou ao homem
através da criação, das suas obras providenciais, de sua Palavra escrita e,
final e plenamente, através do seu Filho encarnado. Além disso, as Escrituras
ensinam que Deus convocará todos os homens para prestarem contas no julgamento
final, na consumação de todas as coisas. Naquele dia, Deus julgará todos os
homens de acordo com sua resposta à revelação que receberam.
À luz dessas verdades, o cristão
reconhece que a história humana não é aleatória ou mesmo cíclica, mas linear.
Teve um começo e terá um fim de acordo com o irrevogável decreto de um Deus
soberano que a trouxe a existência. Falando claramente, a história humana está
se movendo, até mesmo correndo, rumo a consumação final, na qual todos os
homens serão julgados e recompensados de acordo com o que fizeram ou deixaram
de fazer! O apóstolo Paulo escreve: “[Deus] retribuirá a cada um segundo o seu
procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram
glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que
desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.”[3]
Ao indivíduo ou à cultura que
julga a si mesmo segundo seus próprios padrões, a declaração de julgamento
universal de Paulo pode parecer esperançosa. É um erro comum dos homens
julgarem a si mesmos como justos aos próprios olhos. Contudo, àqueles que ainda
podem ouvir a voz de sua consciência e especialmente aos que conhecem as
Escrituras, essas palavras são muito mais do que somente desconcertantes.
É testemunho tanto da Escritura como da consciência de que todos os homens
pecaram e carecem da glória de Deus.[4] Não há ninguém que perseverou em fazer
o bem e ninguém que procurou a glória, honra e incorruptibilidade que vêm de
Deus.[5] Em vez disso, ambições egoístas tem conduzido todos os homens e todos
os homens suprimiram a verdade pela injustiça.[6] Consequentemente, todos estão
sujeitos a ira e indignação de um Deus santo e justo.[7] É por essa razão que
Deus interveio e enviou o seu Filho para fazer expiação pelos pecados do homem.
A sua morte satisfez a justiça de Deus e aplacou a ira de Deus. Agora, todos os
que ouvem e creem no Filho serão salvos. Contudo, aqueles que recusam ao Filho
serão por ele julgado.[8]
Essa declaração de julgamento
universal frequentemente leva a questionamentos sobre a justiça de Deus: como
pode Deus julgar aqueles que nunca ouviram a pregação do evangelho ou tiveram
acesso às Escrituras? Para responder essa pergunta, devemos primeiro afirmar o
testemunho das Escrituras sobre a justiça de Deus. Embora possamos não ser capazes
de remover todos os mistérios desse acontecimento, conhecemos, sim, o caráter
de Deus e podemos confiar em quem ele é. Como Moisés testificou, tudo o que ele
faz é justo: “Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são
juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto.”[9]
Outra verdade para considerarmos
sobre a equidade de Deus em julgar o mundo é que as Escrituras declaram que
mesmo o indivíduo mais isolado nas regiões mais remotas do mundo recebeu, em
algum grau, a revelação de Deus e será indesculpável no dia do juízo.[10] Feito
à imagem de Deus, todo homem possui um conhecimento inerente sobre ele.[11]
Três realidades inegáveis confirmam ainda mais esse conhecimento. Primeiro, a
criação de Deus testifica da sua existência, atributos invisível, poder eterno
e natureza divina.[12] Segundo, a providência de Deus determinou os tempos
previamente estabelecidos e os limites da habitação de nações e indivíduos para
que pudessem buscá-lo e encontrá-lo, bem que não está longe de ninguém.[13] E
terceiro, a lei de Deus foi escrita sobre o coração de todo homem e serve como
um guia moral e como um testemunho ao fato de que Deus é um Deus justo que
julgará os homens de acordo com suas obras.[14]
[1] João
5.22, 26
[2] Atos
10.40-42
[3]
Romanos 2.6-8
[4]
Romanos 3.23
[5]
Romanos 3.12
[6]
Romanos 1.18
[7]
Romanos 2.8
[8] João
3.18, 36
[9]
Deuteronômio 32.4
[10]
Romanos 1.20. A revelação que foi dada a cada um, através da criação, da
providência divina e da consciência é comumente chamada de revelação geral, em
contraste com a revelação específica, que vem através das Escrituras e da
pregação do evangelho.
[11]
Romanos 1.19
[12]
Romanos 1.20
[13] Atos
17.26-27
[14]
Romanos 2.14-15
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