sexta-feira, 27 de abril de 2012

EQUILÍBRIO


David Martyn Lloyd-Jones (20 de dezembro de 1899 - 1 de Março de 1981) foi um teólogo protestante na linha calvinista de origem galesa que foi influente na ala reformada do movimento evangélico britânico no século 20. Por quase 30 anos, ele era o ministro da Capela de Westminster, em Londres. Lloyd-Jones era um forte opositor da teologia liberal que se tornou uma parte de muitas denominações cristãs, considerando-a como uma aberranção. Ele discordou da abordagem ampla da Igreja e incentivou os cristãos evangélicos (especialmente anglicanos) para deixar suas denominações existentes, considerando que a comunhão cristã verdadeira só foi possível entre aqueles que partilharam convicções comuns sobre a natureza da fé.
Depois de deixar a medicina em 1927, ele se tornou o ministro de uma Igreja Presbiteriana em Aberavon, no sul de Gales, é considerado um dos maiores pregadores protestantes do século XX.


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EQUILÍBRIO

O apóstolo já nos tem exortado nesta Epístola aos Efésios acerca do que ele chama "parvoíces e chocarrices". Não devemos ser pomposos, não devemos apresentar-nos com excessiva seriedade, mas isso é muito diferente do erro das "parvoíces e chocarrices". Muitas vezes fico surpreso por ouvir cristãos cedendo a essas "parvoíces e chocarrices". Verifiquemos que não estamos produzindo uma atmosfera nociva com esse tipo de coisa. Essa espécie de conversa pertence ao mundo, não a nós. Isso é a instrução das Escrituras.
O mundanismo, naturalmente, tem muitas formas, e há perigos específicos. O apóstolo adverte Timóteo, na Primeira Epístola, capítulo 6, versículo 9: "Os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas". Paulo aí condena o amor ao dinheiro. O dinheiro como tal não é mau, se o homem o usa apropriadamente, como despenseiro do Senhor Jesus Cristo. Contudo, no momento em que o homem começa a amar o dinheiro, entra o pecado. Tenho bastante idade para poder dizer que tenho visto muita gente boa sair-se mal nesse ponto. Uma vez que acontece isso, a temperatura espiritual sempre abaixa, e ocorre uma rápida perda de vigor espiritual. Conheci homens que foram convertidos de uma vida muito pecaminosa, e que, por causa da sua conversão, começaram a dar atenção ao seu trabalho, progrediram e tiveram sucesso; e tive a infeliz experiência de ver alguns deles caírem na armadilha de que estamos falando. Antes, jogavam fora o seu dinheiro; agora, começaram a amá-lo. Ambos os extremos são maus.
Outra causa da perda de vigor e energia espiritual, e de deixar de ser "forte no Senhor e na força do seu poder", é a enervante atmosfera da respeitabilidade. É um perigo muito comum na Igreja. Às vezes me pergunto se não é a maior maldição na hora presente. Pelo menos, as estatísticas provam claramente que, por uma razão ou outra, o cristianis¬mo atual não está sensibilizando as classes trabalhadoras deste país. Será, às vezes me pergunto, porque estamos dando a impressão de que o cristianismo é só para as respeitáveis classes médias? Examinemo-nos a nós mesmos sobre isso. Tememos a manifestação do Espírito? Pesa sobre nós a culpa de apagar o Espírito? Tememos a vida, o vigor e o poder? Quantas vezes vi homens que começaram com fogo se tornarem cristãos simplesmente respeitáveis, finos - inúteis, sem nenhuma energia, sem nenhum vigor, sem nenhum poder!
Permitam-me ilustrar isso outra vez com fatos da esfera do ministério. Conheci homens que entraram no ministério e que sem dúvida eram homens chamados por Deus, cheios de paixão pelas almas e revestidos de poder na pregação. Vi-os terminarem apenas como bons pastores, bons visitadores. Visitar faz parte do ministério pastoral; mas se o homem se torna apenas um homem agradável, um pastor bondoso, excelente para receber-se em casa, alguém que toma uma xícara de chá com você, é trágico. Que tragédia o profeta acabar sendo tão-somente um homem amável e um pastor bondoso! Mais uma vez estamos vendo que sempre devemos procurar evitar os extremos. No entanto, não há nada que possa ser tão enervante como esse tipo de atmosfera fina e respeitável, na qual ficamos temendo quase tudo, e, acima de tudo, ficamos temendo a manifestação do poder do Espírito Santo. Por isso, começamos a "extinguir o Espírito"!
É evidente que há aplicações intermináveis deste tema. Ele constitui o fundo e base racional do ensino que se vê em 2 Coríntios, capítulo 6, sobre "não nos prendermos a um jugo desigual com os infiéis". Isso se aplica primariamente ao casamento. A razão pela qual o cristão não deve casar-se com alguém incrédulo é que, fazendo isso, ele se põe numa atmosfera nociva, que tende a minar a sua energia e vitalidade espiritual. Isso é inevitável, como se vê no fato de que desse modo ele se associou e se prendeu a alguém que não tem vida e entendimento espiritual. Ele, não o seu cônjuge, é que sofrerá as conseqüências. Por conseguinte, somos exortados a não nos sujeitarmos a um jugo desigual com os infiéis.

Fonte: http://www.martynlloyd-jones.com

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